ANSIEDADE SOCIAL

A ansiedade social, também chamada de fobia social, mais do que uma simples timidez, se trata de um medo constante de situações sociais, que afeta a autoconfiança e traz complicações para os relacionamentos, trabalho e vida escolar.
Todos nós, em algum momento, nos preocupamos com situações sociais, seja porque precisamos fazer uma apresentação em público ou, porque temos de interagir com pessoas novas, a diferença é que na ansiedade social há uma preocupação constante sobre esses eventos antes, durante e após as interações. A pessoa tem medo principalmente do julgamento negativo, que acredita que irá receber.
O transtorno de ansiedade social afeta principalmente adolescentes, começa em média aos 13 anos e em 90% dos casos o surgimento se dá até os 23 anos, no entanto, apesar de incomum, crianças também podem sofrer do problema.
Como saber se tenho ansiedade social?
Comportamentos comuns são:
Muita preocupação com atividades cotidianas, do tipo: conversar com desconhecidos, iniciar conversas, atender o telefone, fazer compras;
Evitar ao máximo qualquer atividade social, como conversas em grupo ou comer com outras pessoas;
Ficar constantemente preocupado com o que vão pensar de você, com a possibilidade de cometer algo vergonhoso, principalmente das pessoas perceberem seu nervosismo e tensão;
Dificuldade em fazer coisas quando está sendo observado;
Ter a impressão de que está sendo observado e julgado o tempo todo;
Evitar contato visual.
Em crianças e adolescentes, os principais sinais são:
Choro ou raiva em ambientes sociais, mais do que o habitual;
Evita interação com outros colegas e adultos;
Medo de ir à escola ou participar de atividades em sala de aula, principalmente apresentações;
Mesmo com dificuldades, não pede ajuda na escola.
Possíveis causas e fatores de risco
Não há um único fator que cause o transtorno de ansiedade social, mas estudos apontam para fatores genéticos e ambientais, sabe-se que o problema é mais comum em pessoas que têm um parente de primeiro grau com o transtorno. Outro dado é que pais socialmente ansiosos, podem ser um modelo de comportamento de retraimento e medo social para os filhos. Fatores como características de inibição, timidez, ou maior sensibilidade a avaliação negativa também podem influenciar.
Crianças tímidas são mais propensas a se tornarem adultos socialmente ansiosos.
Crescer com pais superprotetores e hipercríticos também tem sido associado ao transtorno de ansiedade social. Adolescentes classificados como tendo um apego inseguro (ansioso-ambivalente) com sua mãe quando bebês tiveram duas vezes mais chances de desenvolver transtornos de ansiedade no final da adolescência.
Na questão neurológica, há uma possível relação com a amígdala (a parte do cérebro que controla nossa reação ao medo) que seria mais sensível e hiperativa em pessoas socialmente ansiosas.
Todas as pessoas socialmente ansiosas têm razões diferentes para seus medos, mas, em geral, o que domina são medos relacionados ao:
Julgamento das pessoas;
Passar vergonha ou humilhação (e as pessoas perceberem isso);
Ofender alguém;
Ser o centro das atenções.
Aspectos importantes da adolescência na ansiedade social:
As relações sociais são desafiadoras para adolescentes socialmente ansiosos, e causam uma série de prejuízos, eles relatam terem menos amigos, poucas interações românticas e baixa socialização com os pares, além de estarem mais vulneráveis a serem vítimas de bullying.
No entanto, o grande número de adolescentes socialmente ansiosos não é tão surpreendente, essa é uma fase em que os jovens estão deixando a relação de dependência familiar, e se jogando em um mundo de novas relações com os pares.
No entanto, por trás dessa mudança no comportamento social, está o desenvolvimento de habilidades neurocognitivas, uma das principais, a autoconsciência aumentada. Autoconsciência é o direcionamento da atenção para si próprio, é quando o jovem passa a ter uma maior percepção de si mesmo, de quem é, e de como o mundo exterior o impacta e é impactado por ele.
A autoconsciência atinge seu ápice no início da adolescência, e pode deixar o adolescente mais vulnerável ao aumento da ansiedade social, visto que está mais sensível ao julgamento alheio. No entanto, apesar de todos os jovens experimentarem maior autoconsciência no início da adolescência, nem todos desenvolvem ansiedade social persistente.
Diagnóstico
A CID-10 define a fobia social como medo do julgamento negativo de outras pessoas que levam à evitação de situações sociais. Já o DSM-V define o Transtorno de Ansiedade Social como um transtorno de intenso medo ou preocupação de situações sociais em que o indivíduo pode ser criticado ou observado por outras pessoas.
Tratamento:
Uma das principais estratégias é o treinamento de habilidades sociais, que incluem o aprendizado de comportamentos como: iniciar conversas, fazer amigos, interagir com pessoas em uma festa, dizer não, entre outras habilidades. Para fazer esse treinamento é importante procurar um psicólogo licenciado, e agendar as consultas.
Dicas práticas:
Mudança de foco: uma das principais dificuldades de quem sofre de fobia social, está no foco aumentando em si mesmo, e em como está se sentindo no momento da interação social, por isso é fundamental que se pratique a mudança de foco, manter a atenção na pessoa e no conteúdo do que ela está falando, ao invés de estar focado nos próprios pensamentos ou alterações fisiológicas, isto é, ao invés de pensar no que estou pensando, no meu medo, é fazer um exercício de focar no que o outro está querendo comunicar.
A ansiedade se manifesta através de três processos:
Fisiológicos;
Cognitivos;
Comportamentais.
Fisiológico é o que sentimos, as mãos suando, as pernas tremendo, a boca seca, o coração acelerado.
O processo cognitivo são os nossos pensamentos, aquilo que passa pela nossa cabeça, antes, durante e após uma interação social.
O processo comportamental, é aquilo que fazemos, ou o que não fazemos.
Para conseguir lidar ou superar a ansiedade social é necessário agir nesses três processos.
Estratégia de exposição gradual usando as redes sociais:
Uma das estratégias mais utilizadas em terapia é a exposição, nela se cria uma série de ações, que vão desde a mais simples até aquela que provoca mais ansiedade, essa estratégia pode ser feita inclusive, utilizando as redes sociais:
1° O primeiro passo é entender que um pensamento nem sempre é um fato. Ou seja, todo pensamento pode ser questionado.
2° Prepare a exposição, criando uma hierarquia de exposição.
3° Uma das formas de fazer essa exposição é utilizar redes sociais, como TIK TOK ou Instagram
4°Grave um vídeo falando só para você, ou seja, sem publicar. Pegue o celular, pense em algum assunto e grave, isso vai te ajudar a ir se acostumando com a exposição.
Claro que essa ação vai gerar alguns pensamentos, como “estou estranho”, ou, "parece bobo” etc... Quando isso acontecer é necessário trocar o pensamento negativo por outros mais realistas, do tipo “comecei isso agora, com o tempo posso melhorar”, “estou fazendo isso para diminuir minha ansiedade, vale a pena”
Assista ao vídeo várias vezes, até ir se acostumando em ouvir sua própria voz e ver sua imagem. Quando conseguir superar esse primeiro desafio, você pode seguir para os próximos, por exemplo, postando um vídeo, usando os stories, entre outras possibilidades. É preciso gradualmente se expor aquilo que tememos, para que se possa superar esse medo.
Apesar de algumas ações poderem ser feitas sozinho e de casa, é fundamental que a pessoa que sofre de fobia social esteja em acompanhamento médico e psicológico.
Para mais informações consulte as referências (em inglês) abaixo.
REFERÊNCIAS
https://en.wikipedia.org/wiki/Social_anxiety_disorder?wprov=sfla1
https://www.webmd.com/anxiety-panic/guide/mental-health-social-anxiety-disorder
https://www.nhs.uk/mental-health/conditions/social-anxiety/
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6447508/