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Autoestima & Autoconceito na adolescência






Você provavelmente já ouviu que precisamos ter uma alta autoestima, que a autoestima é importante, que os pais devem buscar formas de desenvolvê-la nas crianças e adolescentes, enfim, é um termo mega usado no dia a dia. Mas você sabe o que realmente significa autoestima? Qual relação dela com o autoconceito? Como as relações com amigos e com os pais influenciam no autoconceito dos adolescentes? Quais são as consequências de uma baixa estima e como podemos ajudá-los a desenvolvê-la?


Para responder a primeira pergunta, trarei aqui a psicóloga Susan Harter, que diz o seguinte:



"A autoestima pode ser considerada como amor-próprio, é a avaliação geral que uma pessoa faz de si mesma, por exemplo. Já o autoconceito, é a avaliação do “self”, isto é, a avaliação que a pessoa faz de si em áreas específicas".

Um exemplo de áreas especificas são os esportes, estudos, relações afetivas, aparência física entre outras. Um jovem pode ter um autoconceito negativo de si como estudante, porque está indo mal nas provas da etapa, mas, ao mesmo tempo, pode ter uma autoimagem esportiva positiva, se estiver se saindo bem nos esportes. Em resumo, a autoestima são as avaliações globais/gerais que fazemos sobre nós, e o autoconceito são as avaliações em domínios ou áreas específicas.


Como avaliamos isso nos adolescentes? Existem vários instrumentos que buscam analisar o grau de autoestima dos adolescentes, Susan Harter criou o Perfil de Autopercepção para adolescentes, que avalia oito áreas:

  • Competência escolar;

  • Competência atlética;

  • Aceitação social;

  • Aparência física;

  • Comportamento;

  • Amizades próximas;

  • Relações amorosas;

  • Competência no trabalho.

Ela adicionou ainda a avaliação da autoestima geral. Porém, apesar dessa escala e outras serem muito úteis, outras fontes são importantes, amigos, pais e até mesmo professores podem ser boas fontes sobre como o adolescente enxerga a si mesmo.


Distorções na autoimagem

O grande problema é que a autoestima por vezes reflete interpretações que sem sempre correspondem a realidade. Um adolescente pode se ver como incompetente nos estudos, ou sem atração física alguma, sem isso ser de fato uma realidade.


Transição para o ensino médio


Um ponto de atenção é que pesquisadores identificaram que a autoestima diminui conforme os adolescentes chegam ao final do ensino fundamental, principalmente e durante a transição para o ensino médio e do médio para a universidade (Twenge e Campbell, 2001).





Figura disponivel em: SANTROCK, John W. Adolescência. AMGH Editora, 2014.




Contextos sociais e autoestima


Cntextos sociais como a família, os amigos e a escola são grandes influenciadores para a alta ou baixa estima em jovens, (Roustit, 2010) Estudos identificaram que quanto mais coesão e harmonia uma família possui, melhor a visão que os adolescentes têm de si. Nesse aspecto os pesquisadores falam de 3 principais componentes: quantidade de tempo que a família passa junta, a qualidade da comunicação e até que ponto esse adolescente é incluído nas tomadas de decisão da familía.


Em outro estudo, algumas características parentais foram associadas a alta autoestima em garotos: expressão de afeição, preocupação com as suas dificuldades e problemas, realizar atividades em família, disponibilidade para oferecer ajuda de forma, regras claras e justas, e permissão de liberdade dentro de limites seguros e bem definidos. (Coopersmith, 1967).


Como sempre trago aqui, os pares têm influência sempre relevante sobre os adolescentes, e a ligação entre aprovação dos pares e autoestima, sem surpresa aumenta nesse período. O julgamento e opinião dos colegas tem um peso enorme na maneira com que o adolescente se percebe e enxerga a si mesmo.


Como a autoestima dos adolescentes podem ser melhoradas? De acordo com Santrock, 2014, existem 4 principais estratégias que podem ser usadas para melhorar a autoestima em adolescentes:


1. Identificar as causas da baixa autoestima e identificar quais são as áreas valorizada pelo jovem. Ou seja, não adianta apenas dizer ao jovem que ele deve ficar bem consigo mesmo, a ideia aqui é identificar juntocom ele, quais são as áreas que mais valoriza e reconhece como importantes, quais domínios que ele acredita que revelam o valor de uma pessoa. Exemplo: para alguns ser um bom aluno tem menos valia para sua autoestima do que ser bom nos esportes, então intervenções que o ajudem a desenvolver suas habilidades atléticas podem ser mais uteis para a sua autoestima do que as acadêmicas e vice e versa.


2. Possibilitar apoio emocional e validação social. Alguns jovens que vieram de famílias problemáticas e experienciaram violências e abusos, podem ter problemas com a baixa autoestima, isso ocorre por terem vivenciado situações em que não tiveram o apoio que precisavam ter tido para atender suas necessidades emocionais básicas, aqui fontes alternativas de apoio devem se incentivadas, muitas vezes a figura de um professor, treinador esportivo, ou outro adulto significativo.


3. Estimular as realizações. Incentivar que participem de ações em que possam ter boas conquistas, assim como desenvolver habilidades sociais para a vida, podem acabar resultando em melhor desempenho e por consequência em uma autoestima aumentada. Aqui quem falará muito sobre é Bandura com seu conceito de autoeficácia, em que ele diz que as pessoas tendem a ter crenças positivas ou negativas sobre elas mesmas a depender do domínio e competência /eficácia que elas têm sobre certas situações.


4. Ajudar os adolescentes a competirem. A autoestima e o autoconceito tendem a crescer conforme esses jovens são desafiados e superam seus desafios, ou seja, quando enfrentam seus problemas ao invés de fugir ou negá-los. Isso por que ao enfrentar, o adolescente consegue desenvolver uma autoavaliação mais favorável, o que pode por consequência pode aumentar sua autoestima.


Por que essas ações são importantes? Quais são as consequências de uma baixa estima?


Apesar de muitos jovens terem períodos de maior negatividade, a maioria conseguirá sobreviver sem grandes sofrimentos, porém para outros, a baixa autoestima pode significar problemas mais graves como a depressão, anorexia , delinquência, problemas de ajustamento e até mesmo suicídio.


Aqui é importante frisar que a gravidade do problema irá depender não apenas da baixa estima, mas de outros fatores de risco, por exemplo, se essa percepção negativa vier acompanhada de transições escolares difíceis, vida familiar conflitivas, e outras situações geradoras de estresse, nesses casos os problemas podem ser intensificados.







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